Belo Horizonte lança uma iniciativa inovadora para enfrentar a desigualdade de gênero na construção civil. A prefeitura abre inscrições para o programa 'Mulheres na Obra', com o objetivo de capacitar profissionais femininas para atuarem nos canteiros de obras. Nos próximos contratos municipais, será exigido que, no mínimo, 10% das vagas sejam reservadas para mulheres.

Letícia Pinheiro Rizério Carmo, assessora de Projetos Estratégicos da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, destaca a necessidade de mudança diante do fato de apenas 3% dos postos de trabalho nos canteiros serem ocupados por mulheres. Os cursos gratuitos, em parceria com o Senai, oferecerão aulas teóricas e práticas à noite, com cerca de quatro horas por dia, ao longo de quatro meses, totalizando entre 160 e 200 horas. Com 120 vagas distribuídas em seis cursos, como 'Pintora de Obras Imobiliárias' e 'Hidráulica Predial', as aulas serão ministradas no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Vista Alegre, na rua Aguanil, 425, bairro Vista Alegre, região oeste da capital.

As inscrições podem ser realizadas pelo telefone (31) 98419-7940, através da equipe social da Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel), que atende a região Oeste e implementa estratégias para atrair, treinar, empregar e reter mão de obra feminina qualificada na construção civil.

Para mulheres em situação de vulnerabilidade social, será concedida uma bolsa mensal de R$ 650, condicionada à frequência de 75% no curso. A assessora explica que esse auxílio visa custear alimentação durante as aulas, possibilitando a compra de lanche ou jantar no período noturno, além de ajudar no deslocamento até o local dos cursos.

Diante de um possível grande número de interessadas, critérios como a menor renda individual, moradoras da Vila Cabana do Pai Tomás e mães solo ou com maior número de filhos menores de 18 anos terão prioridade na seleção.

No Brasil, embora o número de mulheres na construção civil seja ainda pequeno, houve um crescimento de 120% entre 2007 e 2018, conforme levantamento do IBGE. Apesar do avanço, desafios persistem, com a força de trabalho feminina representando apenas 10,85% das vagas ocupadas em obras no país, segundo dados de 2021 do Ministério do Trabalho por meio do índice de Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), totalizando aproximadamente 250 mil mulheres empregadas.

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